Única fundadora mulher do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, a física Elisa Frota Pessoa é inspiração para o prêmio que valoriza a produção científica feminina, promove o seu reconhecimento e divulga trabalhos acadêmicos de excelência. E a ganhadora do 1º lugar na categoria doutorado é a física Luciana Sá Brito, servidora da Fundação Cecierj, que atua na área da divulgação científica. A premiação é uma parceria da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, do Museu do Amanhã e da Fundação Roberto Marinho.
Luciana, aluna de doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concorreu com o trabalho “Percepções e Apontamentos sobre Importância da Comunidade Brasileira de Sistemas Colaborativos no Empoderamento Profissional de Pesquisadoras da Computação”. O artigo reflete sobre mulheres na tecnologia e a luta por equidade de gênero e resgate de pesquisadoras que sofreram violência de gênero em um setor ainda predominantemente masculino.
“As mulheres enfrentam muitas barreiras na tecnologia e fora dela. Escrever e refletir sobre isso é essencial para nossa permanência e avanço nesse campo. A sororidade tem sido um alicerce fundamental”, destaca Luciana que, atualmente, atua na sessão da divulgação científica da revista Educação Pública, da Fundação Cecierj, órgão vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Doutoranda em Ciência da Computação, Luciana ingressou na Fundação Cecierj em 2014 como designer instrucional, mas antes já havia atuado no projeto piloto que deu origem ao CEJA – Centro de Educação de Jovens e Adultos. “Quando comecei como tutora no CEJA, descobri meu interesse pela educação a distância. Isso me motivou a continuar estudando, o que me levou a me especializar na área de educação a distância”, relembra Luciana que consolidou sua carreira na área de design educacional e tem ampliado suas contribuições no campo da divulgação científica.
Trabalho reflete sobre mulheres na tecnologia
O artigo de Luciana é fruto de um trabalho que inclui a participação em importantes eventos em 2024, como o Congresso de Sistemas Colaborativos em Salvador, The European Conference on Computer-Supported Collaborative Work, na Itália e The ACM Conference on computer-Supported Cooperative Work and Social Computing, realizado na Costa Rica. Nessas ocasiões, ela apresentou pesquisas e coletou dados para suas reflexões sobre as experiências de mulheres na tecnologia.
“Não são só prêmios. É a evidenciação daquilo que a gente está fazendo. Não foi só escrever um artigo. Foi também perceber qual é esse lugar que ocupamos enquanto mulheres dentro da comunidade científica, da comunidade específica de sistemas colaborativos, da interação humano-computador e na Fundação Cecierj também”, diz Luciana, que já planeja após o doutorado desenvolver soluções que conectem física com computação, educação, arte e tecnologia, como laboratórios maker e projetos de robótica, que possam inspirar os jovens.
O caminho já está sendo feito: Luciana realiza oficinas nas Naves do Conhecimento, onde adota abordagens criativas sobre o universo dos dados. Atividades como a criação de murais coloridos com informações pessoais ajudam crianças e jovens a compreenderem conceitos de dados e realizarem análise de dados desplugada. “O acolhimento da comunidade é essencial para qualquer projeto e trabalhar no Complexo do Alemão tem sido uma experiência transformadora”, ressalta.
Prêmio Elisa Frota Pessoa
O prêmio Elisa Frota Pessoa está em sua 2ª edição e, este ano, trouxe o tema “A ciência e tecnologia na promoção da igualdade de gênero. Foram selecionados 24 artigos científicos produzidos por mulheres estudantes de graduação, mestrado e doutorado – das Ciências Sociais aplicadas, Biológicas, Exatas e Humanas – que receberam premiações de até R$15.000. A cerimônia aconteceu em novembro no Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro.