Desenvolver técnicas educacionais para alunos com necessidades especiais é um dos grandes desafios a educação pública. Pensando nisso, a Fundação Cecierj, através da diretoria de Extensão, desenvolve há dois anos o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva para Professores da Educação Básica. Apesar de recente, já é possível colher os frutos dessa iniciativa. Recentemente, o trabalho desenvolvido em conjunto por uma mediadora e por uma aluna foi divulgado pela revista Educação Pública.

Analisando os desafios, conceitos e estratégias para o desenvolvimento dos alunos com deficiência intelectual, a mediadora Ana Paula Miranda da Silva e a aluna do curso Adriana Oliveira Bernardes pensaram em atividades lúdicas especialmente para o ensino da Física para pessoas com deficiência intelectual. 

“As dificuldades têm início muitas vezes na família do educando, que não caminha junto à escola para promover o desenvolvimento do aluno. Somado a isto está a dificuldade do professor em atender pedagogicamente com qualidade este público, visto que são necessárias atividades adaptadas às suas necessidades”, explica Ana Paula, que sugere como avançar na qualificação do ensino para os alunos: 

“O avanço na qualificação do ensino para alunos com deficiência depende de inúmeras variáveis: investimentos do poder público no aperfeiçoamento dos professores, fortalecimento do vínculo família e escola, apoio de uma equipe multidisciplinar, e parceria entre os professores de sala regular e da sala de recursos (AEE)”. 

A professora Adriana Oliveira, aluna do curso oferecido pela CECIERJ, também apontou possíveis soluções para atender melhor os estudantes com deficiência. O primeiro passo seria que a escola tivesse recursos didáticos para atender esse tipo de demanda.

“Uma vez que se atendam aos primeiros pressupostos, a escola precisaria dispor de recursos didáticos dentro das especificidades dos alunos que possui, e incentivar uma parceria profícua entre o professor da sala de aula e o professor da sala de atendimento especial. Esse fator é fundamental para que o aluno não apenas esteja na escola como a lei permite e sim esteja na escola recebendo uma educação de qualidade”, ressalta Adriana.

 

Ana Paula

Ela reforça que cursos como o oferecido pela Fundação CECIERJ ajudam muito na construção do profissional e, consequentemente, da escola que vai atender esses alunos. E que o fato de ser a distância é um facilitador: 

“São fundamentais os cursos de educação a distância e eu costumo dizer que em minha vida profissional existe o antes e depois da Cecierj, que faz muita diferença para mim enquanto professora. O curso já me trouxe muito crescimento profissional. A qualidade do conteúdo é indiscutível e a troca de experiências com os cursistas proporciona grande aprendizado”, celebra Ana Paula.

A partir do contexto apresentado, e entendendo o jogo como um recurso didático lúdico que pode colaborar com o desenvolvimento de alunos de maneira geral, Ana Paula e Adriana Oliveira elaboraram um jogo de tabuleiro que pode ser utilizado tanto por alunos com Deficiência Intelectual (DI) quanto por alunos com dificuldades de aprendizagem no terceiro ano do Ensino Médio na disciplina de Física. Chamado de Passeio Elétrico, ele é composto por um tabuleiro, 18 cartas, um dado, quatro pinos e foi construído com material simples, como: folhas de papel ofício, canetinha colorida e borrachas de lápis para serem utilizadas como pinos.

Após a prática em sala de aula, Adriana Oliveira ponderou sobre os resultados observados e a importância do desenvolvimento de uma atividade como essa. 

“Foi bem interessante os resultados obtidos. Um professor capacitado sempre leva o conhecimento a seus alunos de forma diferenciada e é necessário que seja assim. O excesso de aulas expositivas e a falta de utilização de recursos adequados ao aprendizado do aluno têm contribuído bastante para seu fracasso. Assim, o mínimo que o professor pode fazer é buscar novos recursos para trabalhar e mostrar que o aprendizado pode acontecer de formas diferenciadas com aulas atrativas e reflexivas”.