“Sempre sonhei em ser cientista”! E foi com esse pensamento – e determinação – que Ítalo Esposti Poly da Silva, nascido em Itaperuna e ex-aluno do Cederj, conseguiu. Ele é o primeiro brasileiro a participar de um treinamento no Centro de Biologia Estrutural de Nova York (NYBSC), onde estudou a microscopia crio-eletrônica, técnica que permite determinar estruturas tridimensionais de biomoléculas. O treinamento, que começou a ser oferecido em 2018, tem como objetivo preparar cientistas para que tenham independência no uso da técnica em seus projetos e trabalhos futuros e tem duração de aproximadamente cinco meses.
A trajetória acadêmica de Ítalo começou no Cederj, que reúne instituições públicas de ensino, em um consórcio coordenado pela Fundação Cecierj, vinculada da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ele é graduado em Biologia, curso ofertado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) na cidade do interior do Rio de Janeiro. A flexibilidade do ensino semipresencial foi fundamental para que ele pudesse conciliar estudos e trabalho, como o de Menor Aprendiz na prefeitura e dando aula de informática.
“Se não fosse pelos estudos iniciados no Cederj provavelmente não teria concluído a graduação e ter seguido carreira acadêmica, que sempre foi o meu desejo. Sou defensor da educação a distância, pois acredito que traz autonomia e flexibilidade ao estudante”, declarou Ítalo, que ingressou no mestrado em Viçosa e se dedicou à pesquisa em virologia e imunologia.
Atualmente, ele faz doutorado no Programa de Genética e Biologia Molecular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação do Prof. Dr. Mario Henrique Bengtson, cujo tema é a proteína ASCC3 e o complexo do qual ela faz parte que, quando não funcionam corretamente, podem ocasionar doenças neurodegenerativas, como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
“Estou finalizando a pesquisa de doutorado, que visa acelerar o desenvolvimento de fármacos direcionados a esses alvos. Com o treinamento, quero aprimorar a compreensão da estrutura molecular dessa proteína e contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças neurodegenerativas e pretendo aplicar os conhecimentos no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano-CNPEM), em Campinas, neste e em outros projetos que trabalhamos”, explicou Ítalo, que é membro do Centro de Química Medicinal (CQMED-Unicamp).
Durante a viagem aos Estados Unidos, Ítalo participou ainda do congresso da Sociedade Estadunidense de Biofísica, na Filadélfia, e foi agraciado com o prêmio Travel Awards. Ele também foi selecionado para apresentar a pesquisa na sessão Just-B do evento, destinada a dar visibilidade a minorias na ciência. Por meio de sua determinação, paixão pela ciência e perseverança, Ítalo é um exemplo de como é possível alcançar o sucesso na área da pesquisa e impactar o cenário científico nacional e fortalecer a ciência brasileira no cenário internacional.