No bate papo anterior (https://bit.ly/34OKW3E), comentamos que os grilos são animais ectotérmicos, ou seja, não possuem mecanismos para controlar a sua temperatura corporal. Eles são afetados diretamente pela temperatura ambiente. Diferentemente dos grilos, os seres humanos possuem um controle de temperatura do corpo, sendo chamados de animais endotérmicos. Porém a sensação de temperatura no corpo humano pode variar de acordo com as condições climáticas daquele momento.
A medida da sensação térmica, divulgada em telejornais, por exemplo, é feita baseada em fatores que vão além da temperatura. Ela pode variar com a velocidade do vento, com a umidade relativa do ar e com a condutividade térmica dos materiais presentes no ambiente. Para entender melhor sobre sensação térmica, primeiro vamos falar um pouco sobre o que é a umidade relativa do ar. O que acontece quando ela atinge 100% ou valores baixos, próximos de 10%?
Sabemos que o ar é formado por diversas partículas, entre elas estão as de vapor d’água. A umidade relativa do ar é o índice que nos informa o quanto de vapor d’água está presente no ar comparado com a capacidade máxima que ele pode conter naquele momento. Contudo para cada valor de temperatura existe um limite máximo da quantidade de vapor d’água no ar. É para facilitar a compreensão que esse índice geralmente é dado em porcentagem.
Um valor de 70% para umidade relativa do ar significa que há 70% da capacidade máxima de vapor d’água no ar para a temperatura daquele momento. Quando a quantidade dessas partículas atinge seu valor máximo, ou seja, uma umidade relativa de 100%, ocorre a saturação do ar e a partir deste ponto, chamado de ponto de orvalho, a água condensa. É nesse momento em que pode acontecer a neblina. Ela pode ser vista por conta do espalhamento da luz feito pelas gotículas de água presentes no ar.
Outro exemplo semelhante é notado nos aparelhos de ar-condicionado: no processo de troca de calor com o ar ambiente ocorre a condensação do vapor d’água presente no ar, que goteja na parte externa do aparelho. Ou seja, o aparelho retira umidade do ambiente que está sendo refrigerado.
Por outro lado, quando a umidade do ar está baixa é possível percebê-la através do ressecamento da pele e da irritação dos olhos e da garganta, por exemplo. Outra forma é através do fio de cabelo, que varia seu comprimento de acordo com a umidade ambiente. Cabelos cacheados são mais sensíveis que os lisos. Quando a umidade está alta os cabelos podem ficar com mais frizz ou mais cachos e os lisos podem ficar ondulados e murcham. Isso ocorre pois o cabelo absorve o vapor d’água, fica pesado e com aspecto sujo. Já com o tempo seco os cabelos ficam arrepiados, ressecados e podem sofrer com eletricidade estática, que é quando os fios de cabelo se repelem por estarem carregados eletricamente. Para diminuir a eletrostática procure utilizar pentes de madeira, pois materiais como plástico contribuem para eletrização dos fios.
Por conta desta sensibilidade, o cabelo pode ser utilizado para medição da umidade relativa em um aparelho chamado de higrômetro. Nele uma ponta do cabelo é fixa e a outra é presa ao marcador, que pode se mover. A medida é feita conforme a variação do comprimento do cabelo de acordo com a umidade do ar. Quanto maior a umidade, mais comprido o cabelo e vice-versa.
É importante prestarmos atenção no índice de umidade relativa do ar pois ela pode ter influências diretas em nossa saúde. Com o tempo seco ficamos mais vulneráveis à dor de cabeça, sangramento nasal e às infecções virais e bacterianas, devido ao ressecamento das mucosas das vias aéreas. Lembre-se de manter o corpo hidratado: beba bastante água e aplique soro fisiológico no nariz e nos olhos, a fim de evitar o ressecamento. Mantenha a casa limpa, mas evite utilizar vassoura para não levantar pó; e utilize recipientes com água ou toalhas molhadas nos aposentos para amenizar a baixa umidade.
Texto: Pedro Virgilio de Sousa dos Santos e Jaral- Huana Farias do Espírito Santo
Revisão: Equipe do Museu Ciência e Vida
Bibliografia:
Schroder, Daniel. An Introduction to Thermal Physics, Addison Wesley, 1999
https://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap5/cap5-3-3.html
https://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap5/cap5-5.html
http://www.squitter.com.br/imprensa/11/bad-hair-day-e-a-meteorologia