Você sabe como começou o movimento de prevenção ao suicídio, que ficou conhecido como “Setembro Amarelo”? A iniciativa surgiu nos Estados Unidos, em 1994, com o suicídio do jovem Mike Emme, de 17 anos. Dono de um Mustang 68 amarelo, seus pais e amigos, no dia do seu velório, distribuíram cartões com frases de apoio amarrados com fitas amarelas. Assim surgiu a ideia que acabou desencadeando um movimento de prevenção ao suicídio. No Brasil, a campanha foi adotada, em 2015, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
“O que a gente precisa é fazer campanhas de orientação, de esclarecimento, para que as pessoas saibam reconhecer um quadro depressivo ou, pelo menos, desconfiar de uma situação do gênero. E, quando isso acontecer, ter acesso à terapia e medicamento. No Brasil, como na maioria dos países em desenvolvimento, somente a minoria das pessoas com depressão acaba tendo diagnóstico e tratamento adequados”, destacou Daniel Martins de Barros, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, durante a aula magna que abriu o segundo semestre letivo do Consórcio Cederj, organizada pela Diretoria Acadêmica da Fundação Cecierj, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é o único fator de mortalidade que não teve redução no número de casos nos últimos 50 anos. Um estudo do órgão aponta que nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos. Já a Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos de idade, com mais de 800 mil casos por ano em todo o mundo.
Daniel chamou a atenção para o fato de que não é de agora que esse tema passou a ser uma pauta de interesse coletivo. “Há anos que estamos falando sobre esse assunto, mas precisou vir uma pandemia para que esse tema passasse para o primeiro plano”, afirmou o professor que também é colunista do jornal e do portal O Estado de S. Paulo e da Rádio Band News FM, e mantém o canal Daniel Martins de Barros no YouTube, onde fala sobre cérebro e comportamento em geral.
Setembro Amarelo
Sobre a campanha “Setembro Amarelo”, Daniel disse que a considera importante porque dá visibilidade ao debate sobre auxílio e tratamento de pessoas que sofrem de depressão e transtornos mentais e, principalmente, para que a sociedade lembre que esse sofrimento existe e precisa ser tratado. Dentre as iniciativas que ele considera importantes para se cuidar da saúde mental das pessoas, o ideal é observar as mudanças constantes de comportamento.
“No caso da sociedade, de maneira geral, o melhor a fazer é esclarecer os indivíduos sobre o que é a depressão, o que são os transtornos mentais, como devem ser tratados e orientar sobre o acesso ao tratamento. Acho que isso é muito importante. A maioria das pessoas que comete suicídio tem, por trás, um transtorno mental. Isso não quer dizer que a maioria das pessoas que sofrem com transtorno mental irá cometer suicídio. Muitas que têm depressão acabam se tratando e melhorando”, disse Daniel.
A palestra completa pode ser acessada no canal no canal Eureka! da Fundação Cecierj em https://www.youtube.com/watch?v=4G2Q-_cEkZc