Você sabia que na Baía de Guanabara tem golfinhos? O boto-cinza, cujo nome científico é Sotalia guianensis, é um mamífero aquático, que pode ser encontrado somente no Oceano Atlântico, em uma faixa de mar que abrange desde Santa Catarina até Honduras. A espécie é encontrada em estuários protegidos, uma zona alagada, onde o fluxo de água dos rios encontra a água salgada do mar; e em baías, porções de mar rodeadas por terra, como a Baía de Guanabara.
Em geral, as pessoas associam o boto aos animais de rio, pois lembram sempre do boto cor de rosa, que vive na Amazônia; e os golfinhos, aos animais de mar. Mas, na verdade, tratam-se apenas de termos regionais para uma mesma espécie. Os golfinhos nariz-de-garrafa, por exemplo, assim chamados aqui no Estado do Rio Janeiro, são conhecidos como botos em Santa Catarina.
A Baía de Guanabara, localizada no Estado do Rio de Janeiro, apresenta várias espécies marinhas de golfinhos, incluindo o boto-cinza. Essa espécie é conhecida desde o final do século XIX. Existiam tantos botos-cinza naquela época, que eles são um dos símbolos estampados no brasão da cidade do Rio de Janeiro. Mesmo assim, muitas pessoas ainda desconhecem a diversa fauna marinha da baía, por estarem acostumadas a ver o estuário tão poluído e lembrar somente do descaso.
O estado de conservação da Baía de Guanabara é bastante vulnerável devido aos efeitos das atividades humanas. O desmatamento, a poluição química e sonora, o lançamento de óleos e inseticidas, bem como as capturas acidentais em atividades de pesca são fatores que contribuíram bastante para a queda drástica de indivíduos ao longo dos anos. Por exemplo, nos anos 80 tínhamos cerca de 400 botos; hoje há menos de 30 indivíduos.
Apesar dessa degradação, a Baía de Guanabara possui áreas preferenciais dessas espécies: a área de proteção ambiental (APA) de Guapimirim e as proximidades da Ilha de Paquetá, localizadas no fundo da baía. Os botos-cinza habitam preferencialmente essas áreas, por apresentarem disponibilidade de presas, abrigo e ausência de predadores.
É importante evidenciar tais espécies em nossa fauna e a necessidade da sua conservação. Os botos-cinza são considerados “sentinelas”, ou seja, eles ajudam a monitorar a saúde dos ambientes costeiros e a toxicidade das nossas águas — além de serem muito bonitos, né!
A educação ambiental aliada à divulgação científica é essencial para apresentar à sociedade uma análise crítica de como se encontra nosso ambiente, sensibilizando as pessoas, a fim de construir um futuro mais limpo e sustentável para as próximas gerações. É importante também para nos ajudar a promover a
conservação, não só do boto-cinza, como também de outras espécies da nossa fauna e flora.
Referências:
DE FREITAS AZEVEDO, Alexandre et al. Comportamento do boto-cinza (Sotalia guianensis)(Cetacea: Delphinidae): amostragem, termos e definições. Oecologia Brasiliensis, v. 13, n. 1, p. 192-200, 2009.
BARRETO, A. S. et al. Plano de ação nacional para a conservação dos mamíferos aquáticos: pequenos cetáceos. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Brasília, Brasil, 132pp. 2010.
Botos-cinza, símbolo do Rio, correm risco de extinção. Disponível em:
MAQUA. Distribuição do boto-cinza. Disponível em:
População do boto-cinza da Baía de Guanabara. Disponível em:
Baía de Guanabara, semimorta, não causa indignação. Disponível
créditos:
texto: mediadora do Museu Ciência e Vida Ana Karoline Muniz
supervisão: Simone Pinto
Designer: Liliana Coutinho