Hum…. vontade de comer pipoca, pipoca quentinha com sal e um pouquinho de manteiga… Que delícia!! Pipoca me lembra Bárbara Mcclintock, geneticista que estudou o milho e fez descobertas incríveis. Seu interesse pela ciência já
era marcante no ensino médio (contrariando a mãe) e ela investiu nos estudos de botânica e genética das plantas na Faculdade de Agricultura de Cornell. Em 1922, iniciou a pós-graduação em genética, se especializando na genética do
milho. Ali começava um longo caminho de muita dedicação e descobertas revolucionárias!
Depois de concluir seu doutorado e avançar na pesquisa, Bárbara passou a integrar a Universidade de Missouri, dando continuidade ao seu trabalho com genética. No entanto, percebendo que por ser mulher não tinha muitas chances de ser docente integral naquela e universidade e seguindo seus sonhos, passou a realizar suas pesquisas em um centro de pesquisas em Nova Iorque. O milho continuava lhe fascinando. Afinal, grãos de milhos de cores diferentes em uma mesma espiga… Como era possível? Como explicar?
A pesquisadora investigava as diferenças celulares entre as células dos grãos de cores diferentes, o que uma havia ganhado, o que as outras haviam perdido e por aí vai… Depois de muitas horas de observação das células de milho no
microscópio e muita pesquisa, Bárbara percebeu que grãos de cores diferentes têm os mesmos genes que os grãos tradicionais, porém são rearranjados de maneiras diferentes. Bárbara fez o primeiro mapa genético do milho e
demonstrou a importância do telômeros – porção final dos cromossomos – para divisão celular.
Esse rearranjo dos genes era possível por causa dos tais “elementos controladores” que Bárbara descobriu, e que mais tarde ficaram conhecidos na literatura científica como Elementos de Transposição. Os elementos de
transposição controlam de forma precisa a expressão genética. A mudança de posição nos cromossomos alterava a síntese de determinado pigmento – explicando porque as espigas às vezes possuem milhos de várias cores. Mas
Bárbara também observou que esse movimento dos elementos de transposição só acontecia quando as células eram submetidas a algum estresse.
Esse efeito por si só já era inovador e interessante, mas representava muito mais, significava que os genomas não eram estáveis como se acreditava até então. A descoberta de Bárbara significava uma grande revolução na genética,
revolução essa promovida por uma mulher e que colocava em xeque as descobertas de muitos pesquisadores homens bastante respeitados à época. Bárbara foi muito questionada, mas seus argumentos eram irrefutáveis e a seriedade da sua pesquisa foi reconhecida pela comunidade acadêmica, ainda que 30 anos após ter obtido seus resultados mais primordiais.
Bárbara McClintock recebeu o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1983. Hoje já se sabe que quase a metade do genoma do mosquito da dengue, o famoso Aedes aegypit, é composta por elementos de transposição e também
que esses tais genes saltitantes também estão presentes no DNA humano. Será que Bárbara também gostava de pipoca? Como será a pipoca de grãos de milho de cores diferentes? Tô curiosa…