A imunologista brasileira Ruth Nussenzweig perseguiu, durante mais de meio século, uma vacina para a cura da malária. Ruth nasceu na Áustria e veio com seus pais para o Brasil ainda menina, fugindo dos horrores da ocupação nazista. Seguindo a carreira dos pais, Ruth cursou medicina na USP, onde conheceu seu marido, Victor Nussenzweig, que seria seu companheiro de toda vida, em casa e no trabalho. Ainda durante o curso de medicina, ambos começaram a se dedicar à pesquisa da doença de Chagas. O caminho da pesquisa os levou à Paris e à Nova York, especialmente para a Nova York University, onde terminaram por se fixar em virtude do ambiente nada favorável que reinava na Faculdade de Medicina da USP por conta do golpe militar de 1964.
Ruth dedicou sua vida profissional à pesquisa de uma vacina contra a malária, demostrando de forma pioneira, em um artigo publicado na Revista Nature, em 1967, que era possível produzir imunidade contra o parasita da malária depois de banhar o micróbio em radiação ultravioleta e introduzi-lo em camundongos. Com esses resultados, ela percebia que uma vacina era viável. A continuidade das pesquisas levou à descoberta da proteína envolvida no processo de imunização, bem como à região exata da molécula essencial para o processo. A vacina produzida a partir de seus estudos por uma empresa farmacêutica multinacional está sendo aplicada em bebês de áreas com alta incidência de malária na África, particularmente em Gana, Maláui e Quênia, e estão sob acompanhamento.
Em uma entrevista em 2013, a professora Ruth Nussenzweig reconheceu ter encontrado obstáculos na carreira por ser mulher e disse: “Era inaceitável que as mulheres alcançassem algo mais”. E acrescentou: “é uma carreira difícil, mas se você persistir terá muita satisfação.”